Procuro alguma alegria nesse inferno, tudo que me importava eu perdi. Minha irmã e minha namorada, ia pedir ela em casamento, fico remexendo na aliança de ouro com um diamante delicado no meio o que só me entristesse mais ainda, hoje ela deve estar por ai perambulando como os outros. Já faz algum tempo que eu não via ninguem, talvez um mês, talvez seis, não tenho ligado muito para o tempo últimamente, nem para meu proprio nome. E pensar que aquela foi a última noite que passei com ela. Depois da morte de minha mãe de overdose, praticamente adotei minha irmã como filha, o que era um polco confuso para ela e para mim, mas eu amava aquela garotinha de 3 anos , Sophia, de cachinhos ruivos e olhinhos azuis, que vivia cantarolando e desenhando seus desenhos infantis com gíz de cera, ah Deus! Faria tudo para telas de volta, eu podia bem pegar uma arma e atirar na minha cabeça, mas não seria uma morte díguina, que tal morrer tentando salvar quem eu amo? Assim eu queria morrer, mas não posso. Olhei para a frente perdido em meus pensamentos, ja estava cansado matar aquelas pestes, mas la vinha mais um, ou melhor, mais uma, ela lembrava muito minha irmã, cachinhos ruivos e olhos azuis, rosto sangrando, mordidas no corpo, olhos vermelhos, roupas rasgadas, um pé descalço e outro calçado, unhas lascadas... mirei bem em uma pintinha na testa da garota, atirei e vi o corpo gélido no chão. Suspirei, vi o crepusculo laranja no céu, era lá onde elas estavam, acho que é melhor assim, viver aqui não valhe a pena. Coloquei o anel no bolço, peguei minha moto e saí com o motor barulhento em direção á algum lugar com paz, pelo menos fisícamente.